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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Violência obstétrica, diga não a este ato!



Em uma semana que foi marcada pelo julgamento de Elisa Samudio, mais uma vitima da violência contra a mulher, onde muito mais do que a condenação de seus agressores, espera-se que finalmente que esta pratica cesse.

A violência contra a mulher que esta presente desde a época da inquisição, onde milhares de mulheres inocentes foram torturadas e mortas simplesmente por acreditarem ou terem uma postura diferente da estabelecida pela sociedade da época.

Mesmo após, centenas de anos, milhares de mulheres ainda sofrem maus tratos e torturas físicas e emocionais em seus lares, locais de trabalho, escola, rua, ou seja, em qualquer local e pior estas agressões muitas vezes são realizadas por pessoas que deveriam as amparar, assistir, proteger ou auxiliar.

Este ato também ocorre em unidades de saúde, sejam eles hospitais, postos de saúde,  ambulatórios,  etc, por profissionais que foram ou deveriam ter sido educados e treinados, a no mínimo respeitar o próximo.  Mas, o desrespeito a outro ser humano nos serviços de saúde, esta presente em todos os seus cantos, o que não excluiria maternidades e centros obstétricos,  unidades que para muitas pessoas são doces e meigas como um recém-nascido, mas que escondem agressões algumas vezes sutis, outras nem tanto, que marcam a vida de uma mulher e de seu filho para sempre.

As agressões omitidas e escondidas, que deveriam envergonhar os profissionais que atuam na área da obstetrícia,  porque eu me sinto envergonha, mas também muito ofendida, afinal antes de ser enfermeira obstétrica  sou mulher, foram relatados em um vídeo  realizado de forma voluntária e espontânea por: Bianca Zorzan, Ligia Moreira Sena, Ana Carolina Arruda Frazon, Kalu Brum e Armando Rapchan devido ao Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra a Mulher.


Violência Obstétrica - A voz das brasileiras


Ao assistir o vídeo me senti emocionada, porque diante de um momento onde a mulher encontra-se tão vulnerável  atitudes e procedimentos que são vistos e executados por profissionais de saúde como "protocolos", visam unicamente agredir, humilhar e violar, não apenas leis, mas a relação entre mãe e filho, o corpo e a alma de uma mulher.

Não podemos esquecer a violação dos sentimentos de um novo ser humano que naquele momento ainda não pode se defender, o bebê. Segundo Michel Odent, no livro O Camponês e a parteira, a violência gerada no momento do parto seja ela física ou emocional, traz marca  neste novo ser humano que irá se manifestar na fase adulta, onde ao "examinar as consequências a longo prazo da forma pela qual nascemos significa penetrar no campo da sociabilidade, da agressividade, ou, para colocar de outra maneira, da capacidade de amar.”. 

Por isso, esta moda de parto humanizado ou parto domiciliar, não é "maluquice, bobagem e nem retrocesso para o primitivismo" e sim um resgate a valorização da vida e do  poder feminino, que apenas um parto natural é capaz de despertar, afinal como disseram as feministas da década de 70 "NOSSO CORPO NOS PERTENCE".

Leituras recomendadas:


Violência Obstétrica - A voz das brasileiras

Resgate do trabalho de parto

Parto: Um ritual de inter-relação com o mundo espiritual


sábado, 10 de novembro de 2012

Parto natural e aleitamento materno, como ações de prevenção ao câncer de mama



Que o parto natural e amamentação fazem bem para saúde do binômio (mãe e filho), não é novidade para ninguém e sei que o outubro rosa já passou, mas a prevenção do câncer de mama não pode ficar restrita apenas ao mês de outubro, sendo assim, por que não unir parto, amamentação e câncer de mama?

Então vamos lá. Quando uma mulher entra em trabalho de parto como já vimos no post Para mudar o mundo é preciso mudar a forma de nascer, a mulher libera uma quantidade enorme de ocitocina.

Este hormônio não age apenas nas contrações uterinas na hora do parto, ele também provoca contrações das glândulas mamarias, causando um tipo de inflamação destas glândulas, que serve como estimulo para produção de outro hormônio, a prolactina, que é responsável pela produção de leite, ou seja, o parto natural estimula a produção de leite e consequentemente, o aleitamento materno.

Assim, como existem fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de mama, existem fatores que previnem  o desenvolvimento da doença, sendo que o aleitamento materno é um destes fatores.

Isto mesmo! Uma mulher que amamenta por no mínimo seis meses cada um de seus filhos reduz em até 7% a incidência de câncer de mama, estes dados são fruto de uma pesquisa realizada no centro de pesquisa do câncer da Grã-Bretanha, na qual o intuito era descobrir porque em países pobres o índice de câncer de mama é tão inferior a de países ricos (www.bbcbrasil.com).


Não quero dizer que mulheres que tem ou tiveram seus filhos por parto cesárea, não conseguem amamentar, mas apenas 5% destas mulheres conseguiram amamentar seus filhos na primeira hora de vida, isto ocorre porque a mulher tem que esperar seu corpo produzir todos os hormônios necessários para ter uma amamentação eficaz após o parto, o que não acontece em um parto natural onde à produção hormonal ocorre simultaneamente.

O tempo necessário do estimulo hormonal até a produção de colostro em uma mulher que teve cesárea é em torno de 12 horas e este tempo já é o suficiente para mulher acreditar que não pode amamentar, sendo que este estado emocional interfere na produção do leite, como vimos no post Amamentação: o resgate do poder feminino, além disso, durante este período ocorre a primeira refeição do recém-nascido com leite artificial, dificultando ainda mais um aleitamento materno eficaz.

Não podemos esquecer que o câncer de mama é a doença com maior índice de morbi-mortalidade entre as mulheres e que alguns fatores de risco não tem como evitar, como antecedência familiar, então as mulheres deveriam ao menos possuir algumas atitudes que auxiliam na prevenção desta doença.

Dentre estas atitudes podemos citar, consumir alimentos naturais e de preferencia orgânicos, porque os hormônios utilizados na agricultura e agropecuária também estimulam o câncer de mama, praticar atividade física regularmente,  não fazer uso de cigarro, alem é claro ter um parto natural e a amamentar seu filho.

Afinal, o parto natural estimula a produção hormonal na medida e na hora certa, para que a mulher tenha uma amamentação eficaz e assim reduza a sua chance de ter um câncer de mama no futuro.



sábado, 3 de novembro de 2012

Aborto: uma história de aprimoramento espiritual



Passado o mês de outubro sem escrever nada no blog, começo o mês de novembro com uma publicação muito importante para mim e na qual pensei que demoraria muito mais tempo para escrever sobre este tema: o aborto. Afinal, um blog que fala sobre gestação, não poderia deixar de aborda-lo, porque nem todas as gestações tem sucesso.

Aborto é um tema polemico, onde todo mundo tem uma opinião e muitos argumentos tanto para defendê-lo quanto para recrimina-lo, além é claro, dos aspectos religiosos que estão impregnados em nossas veias, principalmente quando o aborto é provocado.

Sempre acreditei que a mulher deveria ter o direito de escolher o melhor momento para ter um filho, afinal, criar e educar uma criança requer muito tempo e cuidado, não é simplesmente dar a luz, e após o parto entregar esta nova vida que lhe foi confiada por Deus, para que outra pessoa ou o Estado cuide e se responsabilize por ela.

Sendo que a única responsável por esta nova vida é a mãe, mas para muitas mulheres o simples fato de ter dado a luz e ter “sofrido” na hora do parto, já é o suficiente por todas as necessidades e cuidados que este novo ser humano necessita dela. Acredito então, que este seja o motivo de tantas crianças abandonadas, mal tratadas, mal educadas e mal cuidadas que vemos diariamente nos meios de comunicação.

Se a mulher tivesse a consciência de que aquele filho é um filho de Deus e que este lhe foi dado em confiança e se ocupasse o tempo disponível e necessário para os cuidados que uma criança precisa, talvez os programas de planejamento familiar, através da distribuição gratuita de métodos contraceptivos, tivesse o efeito esperado.

Enquanto isso não ocorre, vivemos a desesperança de um futuro não muito distante. Mas, não estou aqui para falar do papel da mulher/mãe, e sim do aborto.

Para uma mulher que teve um aborto natural, ver a situação citada acima é ainda mais doloroso, o que a deixa inconformada, principalmente quando se vivencia isso diariamente, como é o meu caso, que tive um aborto natural há quase dois anos e meio. Por isso digo que não foi doloroso ainda é, afinal esta é uma dor que não cicatriza nunca, é logico que diminui e fica menos frequente, mas não passa.

Talvez porque esta dor esteja se transformando em consciência, é que venho através deste texto escrever não apenas um desabafo, o que já é muito importante, porque por muito tempo queria negar este fato a mim mesma, afinal ao me aproximar dele, me aproximava da minha maior falha, a de não ter conseguido gestar uma nova vida. Mas esta não é a única função do texto e sim elucidar e confortar mulheres que assim como eu possuem este sentimento.

Após este aborto natural, nunca mais tive coragem de tentar novamente engravidar, tive muita vontade, fui a médicos, clinicas de reprodução, mas o medo de não conseguir sustentar uma nova gravidez foi mais forte, porque já sabia o quanto tinha sofrido na gestação anterior e sem saber e com muito medo da minha reação diante de outra falha não prossegui nestas tentativas.

Busquei as explicações mais absurdas para o ocorrido, coloquei a culpa além de mim é claro em varias pessoas, mas hoje acredito que nada disso era a verdade. Assim, passo a acreditar que não existem culpados e sim a falta de condições necessárias para que a gestação fosse até o final, sei também que muitas pessoas tentaram me fazer ver isso, para que meu sofrimento cessasse, mas diante da amargura desta dor é impossível compreender alguma coisa, mesmo assim a própria Mãe Natureza me mandou um exemplo há mais ou menos um ano para que eu pudesse me ver e me acalmar e assim criasse a coragem necessária de tentar engravidar novamente, mas naquele momento também foi em vão, digo naquele momento, porque hoje não é mais assim e é por causa deste exemplo que estou escrevendo este post.

Ontem, finados, dia dos mortos, encontrava-me, juntamente com a Thamires e Carla, semeando bandejas de hortaliças na chácara Day Luz, onde realizo trabalho voluntario. Não sei como começamos a falar sobre o aborto e foi quando dei o exemplo que vou digitar logo abaixo:

Um dia na unidade de saúde em que trabalho apareceu uma mulher desesperada e queria conversar comigo, entramos em uma sala e começamos a conversar. Foi então que ela me disse que estava gravida e queria fazer um aborto, porque não tinha condições de cuidar de uma criança naquele momento, onde além de trabalhar, tinha uma mãe doente e acamada e como não tinha condições financeiras para pagar um cuidador, era ela que tinha que desempenhar este serviço, afinal era filha única. Assim não teria tempo de cuidar desta criança, depois de desabafar e decidida a realizar o aborto, foi embora. Passado quatro ou cinco meses a mesma mulher retornou a unidade, para iniciar o pré-natal, porque estava gravida novamente, então durante a consulta ela contou o restante da historia: no outro dia após nossa conversa ela teve um aborto natural, onde nem ela mesma acreditou no que estava acontecendo. Depois de dois meses do aborto natural, sua mãe faleceu e agora se encontrava gravida novamente, mas que diferente da outra vez, não queria mais um aborto, porque agora que a mãe tinha falecido teria condições de cuidar do bebe e assim ela terminou a conversa: tenho certeza que este bebe é o mesmo bebe que eu perdi e ficou esperando eu estar pronta para ficar gravida dele novamente.

Sei que tudo isso não parece muito ético, mas não mencionei o nome da pessoa em nenhum momento, mas sei, que ao ler este trecho ela irá se reconhecer, mas espero que me desculpe profundamente, porque foi a sua historia que me fez ver o aborto de outra forma e assim acredito que também possa auxiliar inúmeras outras mulheres que passaram ou passam por esta experiência.

Mas vamos voltar ao tema, sempre soube que assim como esta mulher que compareceu ao meu serviço, era possível, provocar um aborto espontâneo, se a mulher acreditasse que o momento para gestação não era aquele, mas estaria marcando um encontro com a gestação no futuro quando tivesse as condições que ela acreditava ser necessárias para ter um filho.

Só não imaginava que não era apenas a mulher que determinava o momento e as condições necessárias para que a gestação ocorresse e se sustentasse, mas também o espirito que se preparou para reencarnar como seu filho, ou a própria Mãe Natureza, sendo assim, passo acreditar que talvez seja este o motivo para ter sofrido um aborto natural, mesmo tendo desejado tanto aquela gravidez.

Hoje, consigo ver o quanto eu mudei, o quanto amadureci, estou até dividindo com vocês a minha maior falha e dor, mas aprendi que nem tudo é como a gente quer e imagina, mas que é preciso aprender com nossas falhas, porque ninguém é perfeito e apenas nos enfrentando é que conseguiremos ser melhores, não melhor do que ninguém, mas melhor do que fomos ontem.

Se não tivesse passado pela experiência do aborto, talvez tivesse apenas argumento de ser a favor ou contra para digitar neste texto e não este sentimento e um profundo respeito à dor que uma mulher sente diante de tamanha perda.

Ainda não sei se terei forças para tentar engravidar novamente, apesar do meu desejo profundo, mas acredito que ontem recebi uma visita senão deste espirito, de algum ente muito querido, para ver como eu estava e assim com o auxilio de outras duas mulheres me fez ver e compreender de outra forma tudo que havia me ocorrido há dois anos e meio atrás.

Sendo assim, espero que as mulheres que sentem esta dor que descrevi nestas linhas também se fortaleçam, se aprimorem e principalmente se enfrentem, porque só assim conseguirão alcançar as condições necessárias para gestar uma nova vida em seu ventre e assim possa reeduca-lo como um filho de Deus.